Salão Nobre

Quando o atual prédio da Santa Casa foi inaugurado, em 25 de julho de 1866, a centenária imagem da padroeira Nossa Senhora da Piedade foi levada até lá, em procissão solene, desde a antiga sede, na rua do Rosário, 189 e colocada em um trono, no Salão Nobre, onde também aconteceu uma missa, assistida pela Mesa Administrativa da entidade, pela Irmandade, pelos funcionários e pelo povo de Resende. Na ata de inauguração, ainda é possível ler os nomes de muitas pessoas que estiveram presentes no evento. Quando a capela da Santa Casa foi inaugurada, em 1877, a imagem da padroeira foi transferida para lá, onde permanece até hoje. 

Neste mesmo dia da inauguração, os assessores do provedor (chamados, na época, mordomos facilitadores) Santos Fluminense e Manoel Conrado, discursaram. Foram eles os responsáveis por adquirir, por subscrição popular, ou seja, através de doações da população, os móveis da Sala de Sessões da Mesa Administrativa, o atual Salão de Honra. Desde então, o local tem sido considerado como um Relicário, um Baú de Recordações e um Sacrário da Gratidão da Irmandade em agradecimento a seus benfeitores

Reunião no Salão Nobre – Anos 60 

Era em este mesmo salão onde ficava uma das relíquias da Santa Casa, uma mesa feita à mão e doada por Manoel Rodrigues, que utilizou madeiras da Fazenda Ribeirão Raso (atual Itatiaia). A propriedade pertencia à Dona Mariana Pereira Leite. Ao redor dessa mesa foram tomadas as principais decisões referentes ao destino da Santa Casa, por mais de um século. No entanto, o móvel foi retirado do local e levado para a prefeitura de Resende, em 1968. No seu lugar, foi construído um mini auditório e instalada uma biblioteca médica. Outra doação considerada uma relíquia é o carrilhão artístico, um belo relógio feito por Matias Hummel, que hoje, encontra-se na Provedoria da instituição. 

Em 1901, quando Resende completou 100 anos, o Jornal do Brasil veio cobrir o evento e registrou, entre outras reportagens, a existência do Salão de Honra, onde estavam expostos os retratos a óleo dos grandes benfeitores da Santa Casa, uma forma de agradecimento a cada um deles. Ainda hoje, alguns desses quadros podem ser vistos na histórica sala, como os dos provedores: Custódio Ferreira Leite (Barão de Ayruoca), Padre José Marques da Motta, Custódio Luiz de Miranda, Antônio José Dias Carneiro (Visconde do Salto), José Pimentel Tavares, Manoel Fernandes da Silveira, Pedro de Paula Ramos, Emílio Maria Colonna, Cônego Miguel Calmon de Aragão Bulcão, José da Cunha Ferreira e Rodolfo da Rocha Miranda. Muitos desses quadros são de autoria do pintor resendense Antônio Nunes de Paula (1886-1925). 

Em 1918, a Mesa diretora precisou tomar decisões difíceis. Era a época em que Resende, assim como o todo o Brasil, sofria com a epidemia causada pela Febre Espanhola. O Salão Nobre, assim como a Capela, foi usado para atender as pessoas infectadas pela doença.

Reunião no Salão Nobre – Anos 80 

O Salão Nobre recebeu, em 1931, uma Comissão Militar, com treze oficiais, chefiada pelo Coronel José Pessoa. Na época, o provedor era Manoel Fernandes da Silveira. O objetivo da comitiva era colher dados comprobatórios em relação à salubridade de Resende para que Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) fosse instalada no município. Resende passou no teste e a AMAN foi inaugurada na cidade em 1944.

Além disso, o Salão Nobre voltou a viver momentos de angústia durante a Revolução Constitucionalista de 1932, uma luta armada, que pretendia derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e promulgar uma nova Constituição no Brasil. O local foi transformado em uma enfermaria improvisada. Nela, além de médicos e enfermeiros trabalharam voluntárias, como Danah Ache do Carmo, Ivone Brasil e Carmem Pena. 

Uma bonita celebração aconteceu em 1935, quando o provedor Oliveira Botelho e a Mesa Administrativa se reuniram para comemorar o centenário da criação da Santa Casa. No evento, antigos beneméritos, como o Padre José Marques da Motta, foram lembrados pelo orador e ex-provedor da Irmandade, Arcílio Guimarães. A comunidade também esteve presente. 

Em 29 de janeiro de 1936, foi roubado do Salão Nobre um quadro emoldurado de dourado, com um cartão de ouro, dedicatória e frases em celebração aos 100 anos da cidade, que havia sido enviado por resendenses que, nesse momento, viviam em Sertãozinho, interior de São Paulo. Era outra relíquia da Irmandade, como ficou registrado no Almanaque do Centenário de Resende para 1902.

No Salão Nobre, também é possível ver a placa em homenagem às Irmãs Servas de Maria, que administraram a Santa Casa de 1927 a 1992. Elas foram trazidas, na época, pelo provedor Arcílio Guimarães, também um dos patronos da Academia Resendense de História. 

Reunião no Salão Nobre – Anos 90

Fonte: 

Bento, Cláudio Moreira (1992). A Saga da Santa Casa de Misericórdia de Resende (1835-1992). Senai. 

http://www.ahimtb.org.br/Resende-RJ-A%20Saga%20da%20Santa%20Casa%20da%20Miseric%C3%B3rdia%20%20N.S%20da%20Piedade.pdf